Capítulo III – Uma palavra sem significado

…Num último suspiro, o Templário moribundo conseguiu então pronunciar uma palavra que parecia ser do idioma árabe. Essa palavra foi gravada no mármore da coluna principal da Catedral de Chartres. A última palavra que o Templário disse antes de morrer foi: Avenkaal.

Durante muitos anos, os Templários agiram na Europa, construindo templos, e exercendo influência sobre os poderosos. Sempre com muita riqueza, emprestavam dinheiro a reis e rainhas. A sabedoria que demonstravam originava-se no poder da Arca que guardavam em local ultrassecreto.

Todo o conhecimento possuíam. Toda a sabedoria demonstravam, mas tinham um ponto obscuro. Os Templários não sabiam o que significava a palavra pronunciada pelo peregrino morto em Jerusalém. Haviam reservado para ela um lugar especial na Catedral de Chartres, pois sabiam que a palavra era especial. Mas, apesar de todo conhecimento que reuniram, não conseguiam decifrar o mistério da palavra que, então foi gravada na coluna de mármore principal do templo.

Passaram-se muitos anos e permanecia esta mácula. A única coisa que não podiam explicar, nem entendiam era porque a Arca, com todos seus poderes, não punha uma luz sobre o mistério.

Essa fragilidade dos Templários chegou ao conhecimento do rei da França Felippe IV, o Belo. O monarca tinha dotes incomuns de beleza, mas exagerava na maquillage e pintava suas unhas em tonalidades exuberantes. Felippe o Belo, não era aprovado pelos Templários. A Ordem impunha restrições ao seu estilo excêntrico. Sabendo dessa aversão da Ordem a sua pessoa, o rei tratava de encontrar um motivo para destruir os Templários.

Usando de sua influência imperial, Felippe queixou-se com o Papa sobre a atitude dos Templários que haviam feito uma inscrição estranha em uma das colunas da Catedral. Informou ao Papa que a palavra Avenkaal poderia conter uma espécie de sortilégio demoníaco, porque a ninguém sabia o seu significado. Solicitou-lhe um castigo que atingisse toda a Ordem. O Papa acatou o pedido do rei e, de imediato, decretou o fim da Ordem dos Cavaleiros Templários.

O comandante das tropas reais, Guillaume de Nogaret, imediatamente recebeu ordem de Fellipe para aprisionar todos os Templários. Nogaret adentrou ao edifício sede da Ordem e, com seus soldados, prendeu os líderes dos Templários.

De acordo com as leis da época, foram condenados por traição, algemados e levados à praça pública para serem queimados em uma fogueira. O Grão-mestre da Ordem chamava-se Jacques DeMolay e ele foi o primeiro a ser amarrado no pelourinho para ser queimado.

No momento em que era amarrado no pelourinho, DeMolay gritava:
” – Vergonha! Vergonha! Vós estais vendo morrer inocentes. Vergonha sobre vós todos”.
   Enquanto DeMolay queimava na fogueira, ele disse suas últimas palavras:
“- Nekan, Adonai, Avenkaal!!! Papa Clemente… Cavaleiro Guillaume de Nogaret… Rei Felippe; Intimo-os a comparecerem perante o Tribunal do Juiz de todos nós dentro de um ano para receberdes o seu julgamento e o justo castigo. Malditos! Malditos! Todos malditos até a décima terceira geração de suas raças!!!”.

Do Palácio Real, Felippe assistia a morte de DeMolay e ouvira suas palavras. Ficou em silêncio mas bastante assustado. Mais tarde comentou com Nogaret: “Cometi um erro, devia ter mandado arrancar a língua de DeMolay antes de queimá-lo.”

Quarenta dias depois, Felippe e Nogaret recebem uma notícia aterradora: “O Papa Clemente V morreu em Roquemaure na madrugada de 19 para 20 de abril, por causa de uma infecção intestinal”, Filipe e Nogaret trocaram olhares e empalideceram.

Rei Felippe IV, o Belo, faleceu em 29 de novembro de 1314, com 46 anos de idade, quando caiu de um cavalo durante uma caçada em Fountainebleau.

Guillaume de Nogaret acabou morrendo envenenado numa manhã da terceira semana de dezembro.
Após a morte de Felippe, a sua dinastia, que governava a França há mais de 3 séculos, foi perdendo a força e o prestígio. Junto a isso veio a Peste Negra e a Guerra dos Cem Anos, a qual tirou a dinastia dos Capetos do poder, passando para a dinastia dos Valois.

A partir desse ponto, a história dos Templários tornou-se também obscura e seguiu um tortuoso caminho. Os líderes que restaram abandonam a Europa em um barco onde foi colocada a Arca da Aliança, o Santo Graal e as Tábuas da Lei de Moisés.

O Barco singrou as águas do Mar Mediterrâneo até o Estreito de Gibraltar. Quando começou a navegar no Oceano Atlântico, os Templários o deixaram à deriva para que o destino se encarregasse de decidir seu fim, pois conforme os conhecimentos da época, (corria o ano de 1315) o barco navegaria por um tempo incerto e, logo após, encontraria a “beirada do mundo” onde acabava o mar. Assim, por certo, o navio despencaria para o abismo caindo nas profundezas das regiões inferiores, onde habitavam demônios e dragões horrendos.

Durante um tempo incerto navegaram sem rumo levados pela sorte. A Arca de ouro resplandecia ao sol tropical e emanava raios que apontavam para o sul. À noite os Templários observavam um céu nunca visto, povoado por constelações desconhecidas. Eles viam um conjunto de estrelas que surpreendentemente formava uma cruz. E percebiam que a Arca os guiava sempre para o sul, na direção da cruz que brilhava no céu.  

Não percam os próximos capítulos…