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Cérebros sinalizados e com possibilidade de materializar o pensamento. Fenômenos vizinhos do impossível são reproduzidos nas mentes livres. Sonhos são construídos e materializados na crença.
A máquina seguia rio acima, voando sempre sobre seu leito…
ÁUDIO
O balão dos templários voava com leveza e elegância. Alcançaram uma região onde o rio espumava em corredeiras e, logo depois, descansava em remansos. As montanhas por vezes estreitavam o vale expandindo-o em horizontes infinitos em outras ocasiões.
Pássaros raros voavam em formação acompanhando a nave. Pequenas nuvens, como chumaços de algodão passavam próximas. Em alguns pontos a máquina voadora era ajudada por correntes ascendentes que lhe davam grande altitude. Nessas ocasiões, os homens viam as nuvens como um tapete a seus pés. Essa era uma visão nova, totalmente inesperada e que lhes reafirmava a certeza de estarem vivendo em outra dimensão.
Contudo, não tinham certeza de como haviam rompido com seu mundo de matéria e poder. Estavam num outro mundo. Um mundo em que não valiam as Bulas Papais, nem os poderes dos Reis da Europa. Era provável que houvessem ultrapassado uma espécie de portal e adentrado em uma dimensão nova.
Estavam transformados. Compreendiam mistérios cada vez mais profundos. Tinham como certo que a revelação do AVENKAAL seria o ápice dessa jornada para sua transformação em seres complexos e maravilhosos.
Ao anoitecer estavam em algum lugar no alto vale. O rio dividia-se em dois: Um afluente era um Rio que vinha do Oeste e o outro um Rio do Sul. A nave precisava de combustível e voava bastante baixo. Os templários cortavam o aquecimento do ar e a máquina voadora descia lentamente quase tocando algumas árvores na planície às margens do Rio do Sul.
Uma corda com a âncora foi lançada e a nave ficou por algum tempo suspensa sobre as árvores. Os homens descerem por uma escada de cordas e colocaram a nave no solo.
Os índios que assistiram o pouso, aproximaram-se com presentes. Desta vez foram recebidos com simpatia pelos templários. As crianças e as mulheres trouxeram flores enquanto que os homens carregavam grandes cestos de frutas perfumadas. Jabuticabas, pitangas, gabirobas, ingás, araçás, bananas, palmitos, goiabas, açaís, sapotis, abricós…
Depois, saciados com todas aquelas frutas saborosas, os templários começaram a carregar a nave com a lenha abundante que os índios haviam trazido. Um casal de índios se aproximou do grupo. Eles traziam alguns presentes fantásticos. A índia carregava uma cesta repleta de flores multicoloridas feitas de uma espécie de seda. Ela destinou a cada templário uma dessas flores.
Sorrindo, fixou-as em suas túnicas. O índio, alto de olhos azuis, entregou-lhes uma espécie de cesta forrada com linho branco bordado com fitas coloridas. Dentro dessa cesta os templários viram deslumbrados uma deliciosa e exuberante Manga…
– Wohin gehen Sie? – (para onde vão?) perguntou o índio aos templários.
– Nach Avenkaal – respondeu-lhes o mestre.
– Ja ja! gute Reise – (Sim, sim. Boa viagem) Sorriu o índio num aceno.
Naquela região as noites costumam ser frias. Sabendo que os templários iam subir o Rio do Sul e que seu destino era as montanhas mais altas, os índios ofereceram-lhes casacos e toucas de peles de animais.
A noite veio fria e os templários agasalharam-se com seus casacos. Em sonho coletivo viam uma montanha ponteaguda. De um lado da montanha estava Santa Clara. Do outro, São Francisco. Abaixo da montanha havia a inscrição: “Ad Sanctum Franciscum per Sanctam Claram” (Para São Francisco, por Santa Clara).

Era uma manhã gelada de inverno, os templários acendiam a caldeira da máquina voadora aquecendo o ar que fazia a nave voar. Uma neblina espessa cobria o Rio do Sul. O balão subia lentamente e a cerração aos poucos ocultava os rostos e os acenos dos índios saudando a partida dos templários. Quando atingiram uma altitude razoável o sol veio fazer-lhes companhia aquecendo-os e fazendo brilhar toda a nave com raios dourados.
O rio que os guiava para o sul serpenteava lá embaixo deslizando por entre margens enfeitadas de um verde impressionante. De repente o rio explodia em uma enorme cachoeira onde a água fazia um grande estrondo. (Itu-Poranga = Salto do grande estrondo)
Voaram por horas subindo o rio. Avistaram um Barracão que fora construído num encosta íngreme. Nesse ponto, a nave fez uma guinada para a direita e subiu a uma grande altitude. De lá viam uma Lomba Alta e, logo após, uma região de lindos campos verdes. Seguiram em frente e atravessaram os campos do planalto.
No horizonte, à esquerda foi surgindo uma montanha pontuda no topo de uma serra. Os templários giraram o leme, fazendo com que a máquina voadora apontasse a proa para a montanha pontuda. Tinham lembrança do sonho que tiveram na noite anterior e notaram que o sol projetava na serra duas sombras: No lado dos campos uma imagem de Santa Clara e do outro lado a imagem de São Francisco. Perceberam a indicação do caminho pois a inscrição que viram em sonho dizia: “Para São Francisco, por Santa Clara.”
Ao cair da tarde, a nave deixou para trás a sombra de São Francisco e começou a descer por causa do esfriamento do ar. Enquanto desciam lentamente olhavam para a montanha à esquerda que espalhava Águas Brancas pelo reflexo do sol. Não havia mais lenha para aquecer o ar da máquina voadora e assim foram apenas manejando para encontrar um local de pouso seguro.
Bem à frente havia uma clareira às margens de um rio onde se reuniam alguns índios a bordo de Canoas entalhadas em troncos. A nave descreveu uma curva suave sobre os índios. Essa manobra foi muito apreciada pelos nativos que gritavam em coro: URU! URU! URU!
O pouso foi perfeito. Ao saírem da nave foram recebidos com alegria pelos índios. O mestre desceu e foi cumprimentar os nativos. Então tomou a palavra e perguntou-lhes:
– Ubi Summus? (onde estamos?) – Um índio imponente tendo um enorme gavião pousado em seu ombro aproximou-se do mestre dos templários. O índio, cujo nome era Bici, respondeu-lhe sorrindo:
– Ubi cor nostrum summus! (Estamos onde está o nosso coração). E apontando para o Rio das Canoas completou:
– Venite. In Avenkaalio tibi portabo. (Venham. Vou levá-los ao Avenkaal.)
…Os templários chegaram? O que significa Avenkaal? O que significa estar onde está nosso coração? Agora uma coisa completamente nova vai acontecer… Os templários descobrirão porque partiram da Europa. Na verdade, entenderão que foram conduzidos porque aquele lugar lhes reservava o ponto supremo de suas vidas. E descobrirão muito mais: Eles evoluíram e agora são seres muito especiais. Estão prontos para conhecer as chaves dos mistérios mais profundos da humanidade.
Não percam os próximos e emocionantes capítulos…