…Quase vencidos pelo cansaço, os templários deram graças a Deus quando o barco encostou em um tronco de uma árvore semi-encoberta pela inundação. Rapidamente lançaram as cordas e amarraram o barco ao tronco. Resolveram passar a noite ancorados naquele local para prosseguirem viagem pela manhã…
ÁUDIO:
A madrugada era escura como breu. Esgotados pelo esforço, os templários dormiram como pedras. Em determinado momento, um ruído muito forte os acordou. O barco inclinava-se acentuadamente e algumas peças e remos se deslocavam fazendo barulho. Os templários tentaram em vão entender o que acontecia. A escuridão era total.
Então, uma surpresa: O convés estava inundado. O barco estava fazendo água. Aos gritos desordenados, os homens iniciaram uma desesperada operação para retirarem a água do barco utilizando algumas cabaças. Quanto mais lutavam contra a água, mais inundado ficava o barco. Em pouco tempo inclinava-se perigosamente com a popa quase totalmente à mercê do rio.
Mais um balanço tremendo e a popa inclinou-se a tal ponto que todos os objetos rolaram pelo convés e caíram na água. Foram-se as roupas, os utensílios, os pergaminhos, e… oh não!… a Sagrada Arca da Aliança projetou-se através da amurada sumindo no rio e na noite escura.
Não houve tempo para lamentar ou tentar qualquer outra coisa. O barco afundou completamente e os homens viram-se no escuro nadando a esmo.
O dia amanheceu nublado e estranho. Era o dia 2 de setembro de 1315. Os templários ajudavam uns aos outros pondo-se em lugares mais altos. Olhavam desolados e sujos de lama para o rio que esvaziava-se rapidamente finalizando a grande inundação. Tentavam entender o que aconteceu. A água baixava com rapidez e os pontos antes inundados já estavam em pouco tempo visíveis.
Os templários estavam todos reunidos novamente. Ninguém havia perecido nas águas, porém havia muita preocupação com seu destino. Caminhavam lentamente rio acima pela margem lamacenta. Procuravam ansiosos por alguma pista do barco, de suas armas, e principalmente, da Arca da Aliança.
Depois de algum tempo caminhando surpreenderam-se com a cena que se descortinava diante deles: Seu barco jazia pendurado em um coqueiro gigantesco, que na inundação da noite parecia apenas um arbusto. Riram-se da situação pois o trágico é sempre próximo do cômico.

Junto ao barco encontraram vários pertences do grupo. Estavam ali também abandonados na lama da enchente que esvaziava: a Arca da Aliança, as Tábuas da Lei e o Santo Graal. Reuniram-se todos no alto de uma colina à margem do rio e organizaram um acampamento.
Haviam vivido momentos de intensa desesperança. Por um momento haviam sentido que tudo estava perdido. Ao fim da tarde porém, as coisas se acalmavam. Reuniram-se na colina e observavam o por do sol sobre o rio.
Mal a tarde findara, o céu iluminou-se com estrelas de rara beleza. Para conforto dos templários, brilhavam no céu as estrelas do cruzeiro que os trouxera ao sul do mundo.
Naquela noite os templários tiveram um novo sonho coletivo. Como sempre, compreendiam nesses sonhos uma revelação e ao comentarem seu sonho, o ensinamento se concretizava para todos.
O sonho mostrava pessoas afligidas por um grande dilúvio enquanto uma voz do céu dizia:
“Dico tibi nisi quis renatus fuerit ex aqua et Spiritu non potest introire in regnum Dei“
(Digo-vos que quem não renascer pela água e pelo Espírito não poderá entrar no reino de Deus.)

Compreenderam o sentido de morrerem pelas águas para fazerem-se novos. Compreenderam que era necessário serem sepultados pela água para renascerem em plenitude.
Soprou sobre eles um vento forte e seus rostos encheram-se de luz. Naquele momento deixavam para trás os velhos conceitos e abriam definitivamente suas mentes para o novo.
Na manhã seguinte, inspirados pela revelação do sonho, e movidos pelo dom ingenius machinae da Arca, desenharam e iniciaram a construção de uma máquina que os levaria para o Avenkaal. Teriam que abandonar seu barco. O caminho seria por vales e montanhas. Renascidos e renovados em esperança. Construíam alegremente o engenho projetado enquanto cantavam uma canção dos saxões que, por inspiração, servia para aquele local.
(clique para ouvir a canção) .
ÁUDIO:
Die Gedanken sind frei, wer kann sie erraten,
sie fliegen vorbei, wie nächtliche Schatten.
Kein Mensch kann sie wissen, kein Jäger erschießen.
Es bleibet dabei: Die Gedanken sind frei!
Os pensamentos são livres! Quem pode adivinhá-los?
Eles passam voando como sombras da noite.
Ninguém pode sabê-los, ninguém pode atingi-los,
Não há como mudar: Os pensamentos são livres!
Libertados de suas angústias, profetizavam o espírito de uma cidade, que nasceria muito além no futuro, às margens daquele rio. Profetizavam a dedicação laboriosa de seu povo e o seu espírito de vencer sempre. Os pensamentos são livres. São livres os que pensam. São livres os que acreditam que podem ser livres…
…Os templários se batizaram e receberam nova vida? Estarão agora prontos para compreender o sentido da palavra Avenkaal? Em fase final, nossa novela caminha para os últimos capítulos. Porém, um fato excepcional acontecerá quando os templários descobrirem a força imensa do livre pensar. Entrarão num mundo de energia: Novo, desconhecido e surpreendente… Compreenderão plenamente o AVENKAAL.
Não percam os próximos e emocionantes capítulos…