Havia em Orleans um alfaiate italiano que, quando tinha 33 anos, casou-se com Josephina, uma jovem de apenas 17 anos. Eles tiveram 4 filhos e Josephina logo faleceu com a idade de 31 anos.
O alfaiate Pietro ficou com os quatro filhos para criar:
Dirce com 14 anos, Valdemar com 12 anos, Grandilia com 9 anos e Ida com 7 anos.
Com dificuldade para cuidar das crianças, Pietro entregou os filhos a parentes e conhecidos. Duas destas crianças vieram para Urubici: Ida e Dirce. Ida casou-se com o Argemiro Batista, comerciante de Urubici, com quem teve cinco filhos.
Dirce casou-se com o Tio Manoel Nunes. Tiveram dois filhos que faleceram logo em seguida. Então Dirce adoeceu e veio a falecer.
Viúvo, o Tio Manoel casou-se com a Tia Irma. O casamento deles foi em Bom Jardim da Serra e foi oficiado pelo vigário de Urubici que viajou especialmente para o casamento.
À noite, na ausência do padre em Urubici, a casa Paroquial foi destruída por um incêndio.
Uma coisa liga a outra e várias coisas ligam-se a muitas outras…
__________________
Eu era um menino magrelo, com cheiro de passarinho.
Certa vez, um pouco envergonhado, entrei na loja do Seu Argemiro.
Ele me olhou por cima dos óculos e veio na minha direção.
Calçava pantufas silenciosas no assoalho de madeira untado com óleo queimado e trazia na mão um metro amarelo de madeira.
– O que é que era? – perguntou por entre rolos de tecido.
– Eu queria um carretel de linha número 10.
– São Cinco Cruzeiros.
Abri a mão suada que apertava uma nota enrolada de CR$ 2,00.
O Seu Argemiro olhou para o dinheiro e perguntou:
– Precisa ser número 10? É pra Dona Elvira costurar?
– Não. É pra mim soltar pandorga.
Ele pegou a nota, desenrolou-a com cuidado e foi ao fundo da loja. Num instante, voltou com um carretel de linha da marca Corrente, número 10.
Eu fiquei radiante. Aquilo era um tesouro.
Com um sorriso no canto da boca, Seu Argemiro acompanhou minha saída da loja. Eu saí como um foguete. Sem agradecer e sem olhar pra trás.
Vai que o velhinho se arrepende do negócio…
Oi Tuti, que história deliciosa. Sou Cezar, filho do Tico e neto do Sr. Argemiro, é um prazer ler histórias como essa. Abs